Segundo
a lenda, há muito tempo, no Rio Grande do Sul, havia um fazendeiro
muito rico, que tinha muita maldade no coração. O negrinho do
pastoreio era escravo desse fazendeiro. O fazendeiro dava muito
trabalho para o Negrinho que era mal alimentado. O garoto dizia que
sua madrinha, Nossa Senhora, aparecia para ajudá-lo.
Um
dia o patrão apostou uma corrida a cavalo com um vizinho que dizia
possuir um cavalo mais rápido. Mandaram o negrinho treinar e montar
o famoso baio.
Depois
das apostas feitas, iniciou-se a corrida. Os cavalos permaneceram
juntos em grande parte do percurso. Negrinho sabia o que seria
surrado se não vencesse.
Aos
poucos tomou a frente e quase não havia dúvida da vitória. Mas
algo assustou o cavalo, que empinou e quase derrubou Negrinho. Foi o
suficiente para que o adversário ultrapassasse e ganhasse a corrida.
O fazendeiro, furioso, teve de cobrir as apostas.
Ao
retornarem à fazenda, o Negrinho teve pressa para guardar o cavalo,
mas o fazendeiro disse que teria um castigo: o negrinho ficaria
trinta dias e trinta noites com o cavalo perdedor no pasto e cuidaria
de outros 30 cavalos. Não bastando isso, o fazendeiro lhe deu trinta
chibatadas.
Dias
depois, Negrinho resolveu rezar para a Nossa Senhora e adormeceu.
Os
cavalos soltaram-se. Negrinho acordou assustado, e quando percebeu a
fuga dos cavalos, sentou-se e chorou.
O
filho do fazendeiro estava perto, e vendo tudo, por maldade foi
contar ao pai a respeito da fuga. O fazendeiro mandou outros escravos
buscarem o garoto.
O
menino até tentou explicar para o fazendeiro, mas de nada
adiantou.
Ele foi amarrado no tronco e açoitado pelo patrão.
Após a surra o fazendeiro mandou-o procurar os cavalos.
Negrinho
achou os cavalos e amarrou-os, e deitou-se no chão para descansar. O
filho do fazendeiro, vendo isso, fez uma nova maldade: soltou os
cavalos e depois, correu novamente até o pai e contou que o Negrinho
tinha achado os cavalos, mas deixou-os fugir.
O
patrão o amarrou pelos pulsos e bateu nele mais que nunca. Negrinho
rezou para Nossa Senhora e desmaiou de dor. Achando que o havia
matado, o senhor não soube o que fazer com o corpo e avistando um
enorme formigueiro, jogou-o lá.
No
outro dia o fazendeiro, curioso para ver o corpo do menino, foi até
o formigueiro. Viu-o em pé, sorrindo ao lado de Nossa Senhora. Em
volta dele estavam os cavalos perdidos. O garoto montou um deles e
partiu com trinta cavalos atrás.
Ate
hoje em alguns lugares do país, quando as pessoas perdem algo
acendem uma vela para o Negrinho do pastoreio, acreditando que o
garoto vai ajudar a achar o objeto perdido.
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